Morte de Chester Bennington levanta a dúvida: por que a depressão atinge tantas celebridades

  • Por Jovem Pan
  • 21/07/2017 19h08
Reprodução/Facebook

A morte do vocalista da banda Linkin Park, Chester Bennington, aos 41 anos, não é um caso isolado. A depressão é uma doença séria que atinge todas as camadas da sociedade e não faz distinção em poder econômico, sexo e etnia. Além de Bennington, grandes nomes da música foram vítimas do chamado “mal do século”: Chris Cornell, Amy Winehouse, Chorão e Champingon. 

Segundo o psicólogo clínico de adultos e adolescentes, e consultor da Jovem Pan, Dr. Leo Fraiman, a pressão e a expectativa acarretam na solidão existencial, fazendo com que os pop-stars mergulhem nesse “vazio”. “Vivemos numa sociedade narcisista em que impera a cultura do exibicionismo. O ídolo sente essa necessidade de ser amado pelo fã, porém há uma grande diferença em ‘se sentir amado e ser amado’. Há uma perda de identidade e na hora em que se fecham as cortinas abre-se a dor do silêncio”, explica o especialista.

Apesar de viver rodeado de “amigos” e paparicos, muitas vezes a celebridade sofre de solidão. “Ele sabe que ali é apenas uma imagem e vive essa cobrança de ser uma persona. O fã não ama a pessoa em si, mas sim a figura que ele representa”, afirma Fraiman.

Segundo o psicólogo, a depressão está basicamente ligada ao estilo de vida e a construção de alguns hábitos. Por isso, a rotina irregular (viagens, má alimentação, noites mal dormidas), a diminuição considerável dos vínculos sociais e a falta de relacionamentos, contribuem para que esse barulho existencial “grite” mais alto dentro dos artistas. “O bem-estar social diminui as chances de doenças mentais. Ter bons amigos é um fator fantástico de proteção”, alerta.

“É preciso alimentar o corpo, o cérebro e a alma. Bons amigos alimentam o cérebro e a alma. Já a bebida e a droga excitam o cérebro, mas não alimentam a alma. Tudo o que é muito intenso gera uma reação adversa, causando o chamado efeito fogo de artifício”, completa.

Distanciamento

Denominada de “mal do século”, a depressão cresce em números alarmantes no mundo inteiro. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 300 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem da doença. Entre os anos de 2005-2015 houve um crescimento de 18% dos portadores de depressão. Já o Brasil registra 11,5 milhões de pessoas com o diagnóstico, praticamente 5,8% da população do País.

“A sociedade é cada vez mais egoísta e narcisista, o que faz com que as pessoas tenham vergonha de mostrar que estão doentes. Estudos comprovam que 20% da população mundial pode manifestar um episódio depressivo ao longo da vida”, ressalta Fraiman.

A falta de relacionamentos interpessoais, o stress da vida moderna e principalmente o mau uso da tecnologia, são algumas das razões para o aumento considerável de doenças psiquiátricas. Já as redes sociais, muitas vezes, podem mascarar comportamentos depressivos, principalmente pela constante necessidade de aparentar uma vida estável e bem-sucedida.

“Essas pessoas que se expõem mais têm mais propensão à depressão, mas tudo varia conforme os componentes biopsicossociais de cada um”, argumenta o Dr. Leonardo Fraiman.

“As pessoas não se olham e não se conversam mais. Dificilmente uma família consegue se reunir para uma refeição. É o pai que não sai do celular, o filho que foca no tablet…”, salienta o psicólogo.

Como se manifesta?

Fraiman revela que dificuldade para acordar e iniciar o dia, irritabilidade, ausência de prazer em atividades antes satisfatórias e sensação de cansaço, são alguns dos sintomas depressivos mais comuns.

Na maioria dos casos, algumas pessoas manifestam mais predisposição para quadros depressivos. As razões são diversas e se desencadeiam por conta de traumas sociais, bullying, falta de relacionamentos familiares, rompimentos, perdas e frustrações.

“Remoer problemas o tempo todo pode aumentar ainda mais esse ‘peso’ na consciência. Pensar gasta energia. O cérebro consome até ¼ das calorias para processar esses pensamentos negativos”, afirma o psicólogo.

Mente sana corpore sano

O psicólogo clínico de adultos e adolescentes, Leonardo Fraiman dá algumas dicas simples de como evitar o surgimento de doenças psiquiátricas.

– Praticar atividades físicas (O esporte libera endorfina, dopamina e serotonina, considerados hormônios do bem-estar);

– Meditação transcendental (Por 20 minutos é possível esquecer dos maus pensamentos);

– Alimentação equilibrada;

– Bom sono (Acalma e deixa o corpo num estado de relaxamento);

– Manter vínculos sociais (Afinal, amizade é tudo!!).

“A depressão tem cura e o maior remédio é a felicidade. É preciso tirar essa áurea de que é uma fraqueza ou frescura, mas antes de procurar um psiquiatra é importante se consultar com um psicólogo”, recomenda o especialista.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.